quarta-feira, 18 de agosto de 2010



               Em uma jaula fétida, de grades enferrujadas pelas lágrimas descontroladas caidas de seus olhos ensaguentados de tanta dor expressada. Se contorce como um verme na lama, exposto ao sol que o resseca e então o mata. Feridas abertas cobertas por sua própria merda, todas infeccionadas e purulentas. Dentes pretos, podres e despedaçados de tanto mordes as grades que a forçam a ficar com sua cara enterrada em seus dejetos e as secreções de suas doenças. Todas suas unhas arrancadas em uma tentativa de sentir uma dor diferente, menor que sua própria presença traz. Uma a uma foram retiradas de sua carne com o que sobrou de seus dentes podres e suas gengivas inflamadas pelos profundos cortes que nela residem. Seu cabelo seria sua única esperança para sair desta situação se não fossem tão fracos para enforcá-la. Caidos ao seu redor misturados com sua merda e mijo, seu sangue e pus, tudo como uma só massa escrota, nojenta. Ela se alimenta desta massa com a esperança de ganhar forças, esperança que a colocou onde está e que ela é incapaz de negar. Não há mais nada que possa fazer, nada a que possa recorrer. Passará sua eternidade presa aos seus restos podres. Se ao menos pudesse abandonar a esperança, ou melhor, quisesse abandonar a esperança que a afoga em tantas mentiras e ilusões improdutivas.


               Prestes a dar a luz a um que virá ao mundo por entre uma vagina ressecada e rasgada por dentro e repleta de vermes comendo-a. Os cães do inferno puxarão seus braços para que nasça, babando em seu corpo sua salíva ácida, corrosiva. De outra maneira morreria dentro dela. Seria mais um dejeto de seu corpo, apodrecendo dentro dela, sendo comido por mais vermes famintos, passando por cima uns dos outros como uma grande massa viva regida por um batimento insano de vida pela morte. Transformariam-se em moscas dentro dela e de sua vagida já podre voariam em liberdade a procura de mais morte da qual viverem. Mas não será assim pois os cães do inferno já chegaram. Rodeiam a jaula devagar sempre de olho naquela mulher ali detruída. Como hienas riem da situação mas mais por saberem que toda esta podridão é consequência das ações dela mesma. Nada fizeram para ela se degenerar e despedaçar deste jeito. Então mordem as barras da jaula e de suas bocas feridas pela ferrujem um sangue negro escorre com vigor até arrancarem de seus caminhos o que os separa de seu presente. Ela não chora, não grita, nada faz. Não tem mais energias para nada e mais nada entende ao seu redor. Apenas um corpo morto que ainda vive. Juntos eles arrancam o rosto dela a mordidas violentas e repletas de prazer e ela cai de costas em seus própria imundice. Abrem suas pernas e começam a comer sua vagina fétida com a ferocidade de animais famintos em cima de uma carcaça. Chegam ao útero podre desta extinta mulher e dele puxam seu presente. Mordem com força os punhos do bebê já recoberto de vermes e placas de carne gangrenada. Ele chora de dor e medo e já fora dela é estilhaçado em três pedaços, um para cada cão, que o comem lentamente, desta vez saborenado cada parte do corpo deste também já extinto bebê. Terminam e então apontam seus narizes para cima, uivam de forma horrível que assustaria até mesmo o mais corajoso fiel dentre os fiéis. Mostram seus dentes cobertos por pedaços da atrocidade que cometeram, rosnando entre si e então se atacam. Em um único movimento matam um ao outro e  o sangue negro jorra violentamente enegrecendo tudo ao redor, pondo em tudo um fim pútrido.
               Ela abre seus olhos com o pavor impregnado neles. Levanta abruptamente suando frio e extremamente horrorizada. Olha para sua janela e vê o sol nascendo tão claro como nunca o viu. Deve ser seu mais novo medo dando um sabor diferenciado, saboroso como nunca a este evento do astro reai. Ah, o medo do escuro!

Um comentário: