terça-feira, 10 de agosto de 2010

               Uma vez me disseram que o espaço é a fronteira final. A última conquista que nossa espécie, caso fosse capaz, alcançaria.
               Hoje, agora, neste exato momento onde o tempo e espaço não significam mais nada, eu compreendo que quem me disse isso estava errado. Me vejo sem corpo, perdido em um tempo inexistente, dentro de um espaço também inexistente. Dentro deste buraco negro, percebo que a última fronteira para nossa espécie sempre foi e sempre será nós mesmos. Pois consciente de tudo o que somos, tanto ao que se refere a nossa natureza mas também a nossa constante auto-presumida existência, por sua vez sempre em câmbio, consigo desapegar-me de uma existência física e/ou espiritual, transformando-me em uma existência ideal e perfeita. Enquanto meu corpo e tudo que a ele pertence é esmigalhado pela magnetude do vazio deste buraco negro, percebo-me em uma diferente concepção de existência, na qual existir não é necessariamente ser, o que entendo enquanto me torno a idéia, a qual não necessita da matéria, e ser não é necessariamente existir, o que percebo ao sentir a imensidão do nada que é este gigante titã do esquecimento, e compreendo que meu corpo era menor do que este nada.
               A partir de agora sou nada. Assim sendo, finalmente me torno tudo, sem ser apenas uma suposição de como eu poderia existir, mas existindo sem ser.

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