Ele era tão belo! Seu sorriso capaz de iluminar inúmeras planícies, as quais recobertas por nuvens de tristezas, desespero e mágoas. Incrível como ele, em seus incontáveis momentos de alegria, com ela, conseguia fertilizar desertos e mais desertos, por mais áridos, mortos que fossem.
Ele corriam de um lado para o outro, sem nunca olhar para trás, sem nunca se preocupar com o que vinha à frente. Apenas corria, se divertia e inundava o seu arredor com as preciosas e aveludas notas de suas risadas. Era belo vê-lo existir. Era belo vê-lo viver.
Hoje restam apenas memórias dele, pois não mais ele existi, ou vive. Hoje, eu existo e vivo. Sou eu em quem ele se transformou. Toda aquela radiante vida, hoje é as nuvens tristes, repletas de desespero e mágoas. As quais recobrem o solo craquelado dos que, ao meu redor, vivem e existem.
Sou um mero fantásma de algo que, um dia, já foi maravilhoso e, de maneira fabulosa, existia e fazia existir. Vivia e fazia viver.
Ele senta ao meu colo, e seu sorriso lindo e cheio de amor, ao se deparar com a minha tristeza e miséria, se transforma em lágrimas espessas e vermelhas. Ela sangra ao ver-se morto como se conhece. Eu, bem, apenas o observo com meus olhos opacos e cheios de nada. Ele, bem, se desfalece ao meu colo, murcha como uma flor que morre, lentamente, sem água para dar-lhe vida. Eu, enfim, nada sinto como era de se esperar. Ele, claro, morre, recostado em meu peito, pútrido, desfeito.
O que já foi belo, hoje está morto, e agora, pela primeira vez, desenho o esboço de um sorriso em meu rosto.
Ele morreu. Agora, posso renascer.
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